sábado, 12 de maio de 2012

Origamista Adriane Suzuki

Hey, hey, achei essa matéria em um site muito bacana, sobre coisas japonesas, e achei que seria lecal falar sobre origami por aqui tambem. Enfim, ai vai a matéria:


“Você faz um por um?” – deve ser uma das perguntas que a origamista Adriana Suzuki mais ouve. O motivo da dúvida é que, pela quantidade e pela complexidade das peças, é fácil pensar que ela conta com uma grande equipe ou mesmo algum tipo de máquina. “Não, não tem uma equipe de 15 pessoas!”, diz, entre risos.
Adriana é formada em Odontologia e atuava no ramo até perceber que o origami poderia ser mais que um passatempo, que ela aprendera com o avô aos 9 anos de idade.
Hoje, Adriana produz peças para ocasiões como casamentos, aniversários, maternidade e bar mitzvah. Seu trabalho já esteve em eventos organizados pelo restaurante Hideki e pelo hotel Blue Tree, entre outros.
“A minha comunicação tem como objetivo divulgar a arte do origami, o trabalho manual, para o público ocidental e oriental, sem distinção”, afirma Adriana.


                       

Também têm uma entrevista com ela, e ai vai... 


Conte-nos sobre sua carreira como origamista.

Na verdade, nunca achei que trabalharia com origami. Não fiz curso. Aprendi com meu avô, quando tinha 9 anos de idade. Era um hobby. 
Na época em que eu estava saindo do restaurante onde trabalhava como sommelier, conheci uma doceira famosa. Levei umas amostras de lembrancinhas para ela. Daí, ela logo encaminhou para uma cliente.

No restaurante, eu fazia alguns origamis para entreter as filhas dela, para elas brincarem. Quando levei as amostras, ela disse “não, eu quero os origamis, porque a minha cliente pediu”. Daí eu tive um mês para elaborar as flores e tudo o mais. Depois desse pedido, acabei continuando.
Aí as portas foram abrindo. Fui aperfeiçoando, focando apenas no origami, porque antes também trabalhava com caixinhas de madeira. Na época [2010], havia um nicho que não era muito explorado, que era o de eventos.
Foi um passo de cada vez. Comecei em casa, despretensiosamente. As clientes foram indicando, o blog foi dando muito resultado. Isso ajudou muito. As coisas foram se encaixando, daí deixei de exercer a odontologia no ano passado. Hoje, eu só vivo de origami.


Então não houve uma grande ruptura?

É, porque quando eu vi que meu tempo estava sendo consumido mais pelo origami, com reunião com cliente e produção, comecei a pensar em deixar a odonto. Não era bem meu planejamento. Primeiro porque achava que seria dentista até me aposentar, mas, como foi se abrindo essa porta, de uma forma tão consistente, então fui deixando aos poucos, até que, no ano passado, não atendi mais ninguém.

Não foi nada radical. Não senti que “oh, abandonei uma profissão”. Não. Foi uma caminhada, desde a época do restaurante, quando novas oportunidades começaram a surgir. Hoje, estou focada no origami, e sommelier é como um hobby.


Você cuida sozinha do negócio?

Praticamente. Algumas pessoas me ajudam. Elas fazem as dobras iniciais, e eu finalizo.


Uma por uma?

Uma por uma. [risos] Pelo blog, muitas pessoas têm a impressão de que eu tenho 15 funcionários – não, não tenho. São poucas pessoas, que eu terceirizo quando a agenda está muito cheia. Como trabalho com agendamento, posso trabalhar bem sozinha e com uma pessoa me ajudando.

O origami é algo muito artesanal. Tem aquela coisa da energia. É isso que eu priorizo, não é alta produção.

Qual a quantidade média de origami produzidos para um evento?

Para lembrancinhas, são mais ou menos 100 origamis. Agora, para eventos, já é um pouco mais. Mil tsuru, por exemplo. Teve um casamento em que nós fizemos 3.000 borboletas. Então os eventos são programados com três, seis meses de antecedência. Acontece de ter pedido grande em curto prazo, mas geralmente é para lembrancinha, que a gente faz tranquilamente.


Você já chegou a recusar alguma encomenda?

Sim, porque a agenda estava cheia, já com pedido de última hora, e às vezes eu não consigo pegar um pedido para entregar dois dias depois. Isso acontece muito. Por isso, quando estou com algum evento próximo, evito aceitar pedidos de última hora.


Então você precisa controlar tanto a parte de criação como de administração.

Sim. Hoje, eu sinto falta de ter tempo para poder criar alguma coisa ou fazer um origami novo para uma lembrancinha. Disso, eu sinto falta.

Mas também não é algo que eu não consigo fazer. Por exemplo, em um domingo à tarde, vem uma ideia, alguma inspiração, eu vou e testo.

Agora você precisa ter mais essa função administrativa.

Eu sempre fui muito organizada nesses assuntos, de custos, gastos, contas e receber. Hoje, conto com a ajuda do meu pai. Tem uma burocracia que é complicada, mas que eu sou forçada a aprender.

Mas faço questão de acompanhar, mesmo porque preciso saber os custos de material, preços de tabela, organizar planilhas. Gosto da parte de vendas.

Como é sua rotina de trabalho?
É o que eu amo fazer, é ficar na produção. Por isso, faço questão de finalizar os origamis dos pedidos. Mas virou rotina. Tem dias, por exemplo, que eu não faço. Quando não estou bem, não quero passar isso para os origamis. Pode parecer besteira, mas eu me preocupo muito com isso.

Existe um preparo físico para evitar as dores. Faço corrida, fisioterapia e vou voltar aos pilates. O que notei é que os origamis me ajudam muito. Fico mais centrada, mais calma e mais tranquila.

Para uma encomenda, a pessoa já vem com uma ideia ou você que apresenta a ela as opções?
Acontece das duas formas. Às vezes a empresa de eventos já vem com uma ideia, e eu faço a produção. Mas teve uma ocasião em que a decoradora me pediu uma opinião. Em eventos, sempre precisamos ter um plano B, porque pensamos em uma ideia, mas na hora de produzir, não é o que estávamos esperando. Então temos que pensar rápido.


Origami é uma arte japonesa. No caso de eventos de pessoas de outras origens, eles também pedem motivos japoneses?
Pedem. Eu fico muito admirada que a maioria das minhas clientes não tem ascendência oriental, e elas demonstram valorizar muito o origami. Ela pedem exatamente isso: “quero o tsuru, porque sei que significa sorte, longevidade”. As clientes orientais pedem também, mas o origami, para elas, já é algo mais familiar.

As ocidentais percebem um valor agregado que é muito grande. Isso me deixa muito feliz.

Quando você vai ao evento e vê o seu trabalho lá, como é?
Isso, para mim, é impagável. Sempre vou acompanhar. Foram raras as vezes em que não pude ir. Na maioria das vezes, eu participo da produção da montagem ou apenas para ver como ficou. É impagável. Eu me sinto feliz de ver a cliente realizada, de ver o resultado final. Eu fico pensando muito no resultado dias antes do evento, então enquanto eu não vejo pronto, não sossego.


Nos eventos, as pessoas perguntam sobre o origami?
Sim, perguntam. Ficam admiradas. “Você faz um por um?”, perguntam, igual você fez. Elas ficam deslumbradas e gostam muito. Perguntam se é de papel; não acreditam que um arranjo pode ser de papel.


Na verdade, eu pensava mesmo que havia uma máquina ou muitas pessoas trabalhando na produção.
Se eu tivesse mais gente ajudando, seria bom. Eu também não quero que fique uma coisa mecânica. Por exemplo, ter máquina para cortar papel, máquina para isso, para aquilo. Eu não quero perder esse valor de dobrar, de fazer o origami. Mas não tem equipe de 15 pessoas, como muita gente acha que tem! [risos]

No caso de eventos, de qual você gosta mais?

Adoro casamentos, maternidade. Maternidade tem todo um preparo, precisa ficar sempre em stand by. Quando o bebê nasce, temos que entregar tudo pra ontem. Tem os eventos judaicos, que eu não conhecia, e conheci por causa dos origamis. Todo evento tem um toquezinho que me fascina.


Tem alguma história marcante?

Teve um pedido que me marcou muito. Foi um pedido, praticamente um desafio. Fazer mais de 3.000 borboletas voarem no altar, em uma estrutura enorme. E foi uma coisa que a gente teve que pensar na hora. Foi em uma fazenda, então tivemos que pensar na hora onde iríamos montar. Foi uma loucura, em dois dias de montagem. Compensou completamente quando eu vi pronto.

Vi o pai da noiva, o avô da noiva, o noivo… todos emocionados. Foi um dos trabalhos mais difíceis de realizar, mas um dos que mais gostei. Tive o feedback da cliente, dizendo que até os homens gostaram, porque homem geralmente não repara na decoração, né?

Nos eventos, o que acontece depois com os origami?

Na maioria dos casos, é só para o dia do evento. Em alguns casos, pedem que façam um quadro depois com o que sobrou ou dão de lembrança para os convidados.

O buquê de casamento, elas guardam. Uma das vantagens é poder guardar uma lembrança daquele momento.

Mas você fica pensando “será que vai para o lixo, que será que vai acontecer”?

Não, a minha missão acaba quando eu vejo pronto, saber que correu tudo bem e que as pessoas gostaram. Pelo que eu tenho de feedback, as pessoas guardam.

Não quero nem pensar que vai, ou se foi, para o lixo. Não paro para pensar nisso, não. Mas prefiro que guardem! [risos]

*~*~*

Acessem o blog dela: http://blog.adrianasuzuki.com.br/


Fonte (Dêem uma fuçada nesse site é muito bom):http://madeinjapan.uol.com.br/2012/04/26/origami-arte-e-um-bom-negocio/

The End

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